17/03/2008

PCP não quer coligações

Animado pelas sondagens o PCP não quer coligações, nem sequer com os Verdes, os eternos associados da CDU (e APU).

O que o PCP ainda não percebeu é que esses votos só estão neste momento na coluna do PCP porque existem descontentes...
Quando a pergunta na mente dos eleitores for: Quer que o PS governe dependente do PCP para a estabilidade governativa do país?
A resposta será não e o PCP perde grande parte desses votos.

O PCP está assim a apontar todas as baterias ao PS. Diz que este PS tem políticas mais à direita do que o PSD.
Eu não me incomodo com estas críticas... Quanto mais o PCP diz isso mais o PS penetra no eleitorado de centro que o PS disputa com o PSD.

Uma das consequências deste entusiasmo comunista é o PCP recusar uma coligação de esquerda no Funchal.

Jerónimo de Sousa diz até que na Madeira não há déficit democrático porque o PCP tem bons resultados eleitorais, o que é uma visão curiosa das condições para que se diga que existe democracria.

Eu não sou favorável a essa via de coligação ou frente eleitoral, simplesmente porque neste momento os partidos têm visões inconciliáveis, logo não é possível agregá-los sem que exista um objectivo comum mais forte.

O primeiro objectivo do PCP neste momento é combater o PS...

Quem ficou triste com estes acontecimentos foram João Carlos Gouveia e Miguel Fonseca. O primeiro porque queria a via de uma grande coligação contra o regime, apesar de nunca o ter assumido em documentos estratégicos oficiais.
O segundo porque o fez na última convenção e vê agora gorada essa possibilidade.

Aliás esse foi um dos pontos mais tensos na última convenção e eu defendia a posição de o PS concorrer sozinho ao contrário do Miguel.

O Miguel Fonseca tem no entanto uma proposta alternativa mitigada para a aliança democrática. Fazer a coligação com os que restam... Sendo que os que restam neste momento é apenas o BE porque o CDS/PP não se coliga com a esquerda e neste momento apenas aspira a ser bengala do PSD caso este perca a maioria em 2011.

Acho que fica claro deste episódio é que os partidos têm ideários próprios e estratégias próprias.
A ideia de que combater o regime do PSD-Madeira é suficientemente agregadora para que tudo o resto se esqueça é um erro!

O objectivo da política dos diversos partidos não é apenas derrubar quem quer que seja, mas ver aplicadas as suas ideias. Assim, para o PCP faz mais sentido neste momento combater o PS do que um PSD que não tem qualquer poder a nível nacional.

Para o PCP, a Madeira é um objectivo secundário, apesar de o Edgar Silva ter dito vezes sem conta que queria uma coligação de esquerda. Assim se vê a coerência do PCP!

Considerar o derrube deste regime o alfa e o omega da actuação política não é o papel de um partido que quer ganhar eleições. E quem não quer ganhar eleições não as ganha seguramente.

4 comentários:

amsf disse...

Quer dizer que não haverá CDU mas PCP nas próximas autárquicas!? Não acredito!

Unknown disse...

Foi o que ouvi dizer...

Parece que a questão surgiu com a saída do Grupo Parlamentar Comunista da Deputada Luisa Mesquita de Santarem.

Com essa saída o PCP deixou de ser a terceira força política no Parlamento, apesar de em termos de votos a CDU ter grande vantagem.

O problema é que a CDU é uma coligação eleitoral que independentemente do resultado obtido se desfaz no dia das eleições e os eleitos (pelo PCP ou Verdes) integram grupos parlamentares independentes.

Com as recentes sondagens os comunistas olham para o lado e acham que os Verdes já estão maduros... :-)

Roberto Rodrigues disse...

CDS vengala do PSD?

Deves estar a fazer uma tremenda confusão??!...

Cumprimentos

RR

Roberto Rodrigues disse...

"bengala"