17/03/2008

Coligacoes possives e impossiveis


O meu caro amigo Miguel Fonseca aparentemente não gostou que eu o mencionasse num post anterior e fez uma série de posts sobre a coligação de 2001 PS-CDS.


Relendo o que foi escrito quer por mim quer por ele, devo começar por dizer que no que respeita a factos estamos ambos de acordo. Já no que respeita às interpretações tenho alguns comentários a fazer.

Por ordem histórica:

- O Duarte Gouveia teve responsabilidade directivas no PS, uma vez que foi vice-presidente do José António Cardoso no mandato que terminou em 2001.

- O Duarte Gouveia defendeu de forma entusiástica a hipótese de uma coligação com todos os partidos de oposição na Madeira (na altura 4: PS, CDS, CDU e UDP). Nessa altura todos os partidos de oposição eram mesmo de oposição…

- O Duarte Gouveia achava então que apenas uma coligação de todos os partidos de oposição permitiria criar um cenário de vitória (o objectivo das coligações) e de alteração significativa do contexto político na Madeira. Essa mudança fazia sentido se realizada com todos os partidos e em todos os Concelhos.

- O Miguel Fonseca defendeu na altura que o PCP não devia fazer parte da coligação por questões de defesa da democracia (se não me engano).

- A negociação real com os diversos partidos demonstrou que a ideia de uma coligação com todos não era viável. O CDS queria o PS mas não aceitava o BE e o PCP. O PCP queria uma coligação de esquerda sem o CDS. E a UDP aceitava todos desde que não se respeitasse a proporcionalidade em favor do UDP. Os líderes políticos desses outros partidos de oposição ainda são os mesmos hoje…

- Perante estas condições da realidade confirmada (ao contrário da realidade desejada) à direcção do PS de então restavam 3 hipóteses: PS sozinho; coligação com o CDS; ou coligação com o BE e PCP.

- À altura a única coligação até então existente tinha sido PS-CDS em 1989 “Pelo Nosso Funchal” produzido um excelente resultado e diziam os que por lá andavam nesses tempos que só não tinha dado a vitória por fraude eleitoral… Se foi verdade não sei porque em 1989 tinha 15 anos.

- A direcção de então decidiu propor à Comissão Política e Regional do Partido uma coligação com o CDS e tal foi aprovado com a condição de ser negociado Concelho a Concelho.

- Na negociação Concelho a Concelho do PS do Porto Santo e de Machico surgiu de imediato a recusa da hipótese de coligação com o CDS. Seguiu-se Câmara de Lobos no mesmo caminho. Nos demais Concelhos existiu acordo.

- O que o então Presidente do PS-Madeira disse ou deixou de dizer em relação às suas expectativas eleitorais é da responsabilidade do próprio.

- Os resultados eleitorais foram maus, mesmo tendo em conta o contexto nacional de enorme descida do PS. Nessa mesma noite Guterres pedia a demissão e provocava eleições legislativas antecipadas.

- Passados 6 anos, o Miguel Fonseca passa a defender “por estratégia” a inclusão do PCP numa coligação a que designou “Aliança Democrática” (que nome de má memória), quando em 2001 defendia a exclusão do mesmo “por princípios" democráticos, presumo.

- Para 2009 o Duarte Gouveia considera não ser desejável ou possível existir uma coligação nem total nem parcial devido à nova orientação política do CDS (ser parceiro do PSD em 2011), da nova realidade do MPT e da orientação política nacional do PCP e BE contra uma maioria absoluta do PS a nível nacional.

Finalmente gostaria de agradecer ao Miguel ter-me ensinado uma nova palavra: nefelibata. Pela minha parte confirmo que ainda neste sábado andei a voar de parapente junto às nuvens sobre o Funchal e mal posso esperar por lá voltar. Assim, o significado literal da origem da palavra (nephéle, «nuvem» +bátes, «que anda») é plenamente aplicável à minha pessoa.

Tal como disse o disse o Leonardo Da Vinci “Depois de ter experimentado voar, o Homem passará os seus dias a olhar para o céu porque já lá esteve e para lá quer voltar.”



A máquina para voar desenhada por Leonardo Da Vinci

3 comentários:

amsf disse...

Esperemos que uma hipotética coligação no Funchal não seja pretexto para alguns militantes do PS se demarcaram dos trabalhos de campanha. Os egos inflamados servem como pretexto para algumas pessoas se demitirem das suas responsabilidades...não esqueçam é de quando estiverem na liderança poderão não contar com o trabalho e solidariedade daqueles que não concordando com a sua estratégia venham a seguir os exemplos passados!

Unknown disse...

Ao PS não faltará o meu nome ou a minha presença para compor listas incompletas ou preencher os espaços vagos nos comícios.

Unknown disse...

Meu caro Duarte Gouveia
Acho que está muito mal informado sobre o processo porque a UDP nunca quis qualquer previlégio, pelo contrário, basta ver o que disse JAC na altura, o CDS é que impôs a coligação sem a esquerda e o PS aceitou.
O seu a seu dono!