16/02/2008

O valor da informação ( I )

A era da informação globalizada está a modificar a forma como olhamos para o valor dos bens. Durante muitos anos a posse, o acesso e o controlo da informação que mais ninguém tinha era a principal mais valia competitiva. O segredo era a alma do negócio. A luta pelo acesso aos bens de produção era a razão da dialéctica luta de classes.

Numa sociedade da informação todos somos produtores e consumidores de informação. A maioria dos dados está disponível de forma livre, acessível e barata. É possível copiar uma informação milhares de vezes com um custo insignificante. O problema na sociedade da informação é provavelmente termos excesso de dados e falta de tempo e capacidade para os processar e deles tirar um sentido útil e atempado.

Se a informação está disponível e é basicamente gratuita, como é que se acrescenta valor de forma a ter uma mais valia económica sobre este bem?

2 comentários:

amsf disse...

É verdade que temos mais informação mas não é liquido que estejamos mais informados, não apenas pela nossa incapacidade de digeri-la mas porque aos muitos interesses em jogo correspondem informações com as mais diversas nuances. Mais perigoso do que não estar informado é ter certezas que nos façam agir de forma precipitada!
A mais valia que se pode acrescentar à informação é conseguir distinguir a verdade da mentira, discernir as consequências dessa verdade e simultâneamente perceber o que é que vai prevalecer na opinião pública, se a verdade ou a mentira e as consequências de cada uma.
Um determinado dado económico teoricamente devia ter uma determinada consequência nas bolsas mundiais no entanto se os investidores forem incapazes de perceber a gravidade desse dado as bolsas acabam por subir em vez de descer. Eventualmente o indivíduo que tenha tido acesso a essa informação em primeira mão e uma excelente formação teórica acaba por falir enquanto que o ignorante acaba por fazer um bom negócio apesar de ter investido de forma irracional.

Unknown disse...

Existe um tempo para apreender informação e reflectir e um tempo de agir com base nessa informação.
Agir tardiamente é muito mau... sobretudo em política.

Saber tomar decisões com base em informação incompleta e/ou não totalmente certa é uma das características pessoais mais importantes nos tempos que correm.

Acho que para a maioria dos assuntos não se pode pretender ter toda a informação sobre um assunto antes de um assunto antes de decidir. Simplesmente porque obter a informação cabal é irrealista e demasiado demorado numa sociedade em mutação.

A vida comporta risco. A decisão política comporta risco.
Se todas as decisões de governação fossem tomadas apenas quando já não existe risco de errar então temos uma sociedade muito pouco eficiente e lenta.

Os países mais eficientes são os que melhor sabem lidar com o risco. É o caso da cultura anglo-saxonica e os tigres asiáticos.

É mais eficiente assumir o risco e se estiver errado assumir as consequências políticas e permitir que outros assumam a liderança e façam as correcções de rumo necessárias.

Obviamente isto não é viável quando temos sempre os mesmos governantes a pensar que nunca erram (e raramente têm dúvidas).

É mais provavel ganhar o totoloto do que no médio/longoprazo um ignorante com sorte ter mais sucesso na bolsa do que um especialista atento e com iniciativa, mesmo que tenha muito azar.

:-)