27/02/2008

Cartas do Leitor

Mentir, gamar e chupar

As águas mansas do arrependimento começam a arejar consciências. Aquele que, implicado com o poder, nunca mentiu, nunca gamou e nunca chupou "que atire a primeira pedra". Perceberam já na corte o saque ao erário público que os plebeus já apregoam há anos. O comum madeirense já olha com indiferença o gamanço que se banalizou: gamar, mentir e chupar é já prática normal e quem não entra neste jogo é um pária. Como imaculado político do gamanço tarda em aparecer, atirem então a segunda pedra com força, peso e medida de forma a atingir os intocáveis gamões antes que o tempo os esqueça e antes que emigrem para o Brasil. O mínimo que se exige dos gamões é a devolução ao povo de tudo o que foi gamado do erário público nestes últimos anos. Devolvido o devido comecemos do zero. A partir dessa altura, a classe política será vista, pela população em geral, como uma classe altruísta, séria e honesta ao serviço das pessoas. Do zero chutaremos do poder o joio que embrulha os outros no embrulhado embrulho enovelado das leis para benefício próprio. Do zero, chutaremos o joio excessivamente racional que racionaliza tudo em números e mais números e mais (…). O joio que racionaliza tudo em previsões de forma a dominar os outros, adivinhar e determinar o futuro. Regras e produtividade, mas com dignidade.

A corrupção é uma tentação, algo que vem de fora do sujeito e, não encontrando "barreiras internas", o corrompe. Como uma doença que rói o corpo de sistema imunológico debilitado a corrupção tem de ser tratada como uma doença da atitude. Não leis, códigos de ética, lei de incompatibilidades, punição que curam essa atitude doente. Exige um "tratamento" a outro nível, um "mergulho interior" e vassalagem a uma Entidade Superior. Exige admitir a futilidade do ser humano perante o universo. Futilidade na imensidão do espaço e futilidade na intemporalidade do tempo. Exige a consciência de uma dimensão longe da terra lamacenta e longe da carne putrefacta. Exige "ferramentas impalpáveis" de luta contra as tentações e que funcionem como anjos de espada em punho na defesa da dignidade humana. O "tratamento" para a corrupção não está nos consultórios convencionais nem nas leis em geral. Está na descoberta interior e também na aberta para o reconhecimento do outro como um ser diferente e inigualável. O "tratamento" para a corrupção está, ou deveria estar, nos locais de culto, independentemente do credo. A atitude crítica apoiada na e com o auxílio dessa Entidade é essencial para alcançar as "ferramentas de protecção". Despertar consciências, entorpecidas e anestesiadas pelas "ondas banalizadoras" e pelas manipulações que inevitavelmente invadem o indivíduo e desperta nele a sede pelas coisas da terra e pelas coisas da carne, é um imperativo social. Muitos mestres, e o Mestre em especial, alumiaram.. O apelo do contributo de todos para a construção de uma sociedade melhor, foi um golpe cruel na dignidade de todos os que deram o exemplo de honestidade nesta terra e que estiveram à margem do gamanço nestes últimos anos. Quem, que em plena consciência, não deu e dá esse contributo? É um dever e é um direito. Esse apelo visou atirar areia para os olhos de quem?

A procissão ainda vai no adro. Poeiras de mudança pairam no ar, e porque sopram ventos muito fortes, teimam em não assentar no doentio paradigma existencial. Quantos cordeiros serão ainda necessários sacrificar para que cada ser humano desta pequena e linda terra não tenha a necessidade de atirar mais uma pedra seja lá para quem for? ...

J. B. Côrte

Gatunos e chupistas

Enriquecem por meios pouco claros (...) abusam do poder, lançam boatos, ameaÇam e exploram
Data: 17-01-2008

Infelizmente, nos dias que correm, esta expressão do Gato Fedorento - "É tudo um bando de mentirosos, cambada de gatunos e chupistas!"- popularizou-se em Portugal para classificar os políticos.

É notório o crescente afastamento das pessoas da política, e inclusivamente do dever de participação cívica nos diferentes actos eleitorais.

Cada vez mais, os partidos têm menos militantes activos, e a descrença perante as diferentes propostas políticas é visível. Basta ouvir os inquéritos de rua sobre o tema, ou acompanhar a abstenção nos actos eleitorais.

A corrupção é noticiada e tendemos a generalizar dizendo que o partido X ou Y é corrupto.

Pois eu acredito que devemos desmistificar esta ideia, para bem da democracia e pela credibilidade da política, como meio de exercer o poder e ajudar o cidadão a construir uma sociedade melhor. É preciso acreditar que ainda não vivemos numa Cleptocracia.

O que é preciso dizer é que esta gente, os tais corruptos e ladrões, não são militantes ou pertencem ideologicamente a qualquer partido, pois, na verdade, a única política que advogam é a de encher o bolso e a de tratar dos seus interesses e ambições pessoais. Usam os partidos e o poder que os partidos lhes conferem para fazer tudo aquilo que repudiamos e não queremos. Enriquecem por meios pouco claros, usam o nome de pessoas, abusam do poder, lançam boatos, põe em causa a honra das pessoas, ameaçam e exploram para que ninguém lhes faça frente.

No entanto, devo afirmar com convicção que a maior parte dos militantes dos partidos políticos são pessoas honestas e que têm realmente um sonho: o de fazer parte de um projecto que traga mais desenvolvimento em todas as áreas, para si e para todos, no presente e no futuro desta sociedade.

No Partido Social Democrata, quando importantes mudanças se avizinham nos próximos anos, tendo em conta a possível saída do Dr. Alberto João Jardim, é natural que todos olhem para o futuro com apreensão.

Se temos algumas dúvidas sobre quem poderá suceder-lhe, no meu caso pessoal e no de muitos militantes sabemos exactamente quem NÃO queremos e contra quem lutaremos sempre.

Sabemos que contra alguns, que se intitulam de poderosos, não será fácil ganhar, mas a maior vitória é sem dúvida a tranquilidade na nossa consciência e de estarmos ali, nem que sejamos encarados como a "pedrinha no sapato", que não mata mas mói, sempre a lutar por princípios e valores que ao longo destes anos nos ensinaram a respeitar.

Nunca terão unanimidades, nunca terão facilidades, nunca terão todos a abanar-lhes a cabeça. Como diz o poeta: "Há sempre alguém que resiste… há sempre alguém que diz Não." E a esses eu direi sempre NÃO!

Sara André

Uma 'carta do leitor', assinada por J.B. Côrte e publicada na edição de hoje do DIÁRIO de Notícias da Madeira irritou o presidente do Governo Regional.

Alberto João Jardim alega estar perante "um contínuo lançamento de suspeições e insinuações não concretizadas e fundamentadas", pelo que o Governo Regional, "absolutamente incompatível com este tipo de miserável estratégia política", apresentou mais uma diligência junto do Ministério Público.

Na missiva enviada ao Procurador-Adjunto da República no Tribunal do Funchal, Jardim solicita ao Ministério Público que "se digne mandar proceder às averiguações justificadas pelo conteúdo do texto, o qual indicia estar o seu autor na posse de conhecimento de situações ilícitas". Contudo, o líder madeirense admite que o autor possa ter recorrido a um mero artifício demagógico para derramar suspeitas e acusações generalizadas, o que na sua óptica "constitui ilegalidade que corresponsabiliza os responsáveis pelo referido diário".

O DIÁRIO só publica cartas devidamente identificadas e não publica textos de origem desconhecida.

Ricardo Miguel Oliveira

Será que Alberto João Jardim irá também processar a deputada Sara André, por proferir declarações em tudo semelhantes às do Sr. J. B. Côrte?!Claro que não. Coerência nunca foi uma qualidade de AJJ.

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